O Debate da Quinta Sessão Competitiva Nacional reuniu os realizadores para falar sobre os “filmes ensaios” como definiram os mediadores da conversa Filippo Pitanga, jornalista e crítico, e Viviane A. Pistache, doutoranda em psicologia e cinema pela USP e crítica de cinema para o portal Geledés. O bate-papo, que aconteceu na manhã de domingo (29) girou em torno dos curtas exibidos na 24ª Mostra Competitiva Nacional de Longas e da 10ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas.
Participaram do debate: Laís Santos Araújo, diretora de Como Ficamos da Mesma Altura; Lia Letícia, realizadora da ficção Thinya; Karkará Tunga representando o filme O Verbo se Fez Carne; e o diretor Yuri Costa, ao lado da atriz Valéria Monã, representando Egum. Além de Beto Amaral, diretor de Para Onde Voam as Feiticeiras, que estava ao lado das manas Ave Terrena, Gabriel Lodi e Tatha Lopes que integram o elenco do filme.
O bate-papo começou com a diretora de Como Ficamos da Mesma Altura, Laís Santos Araújo falando sobre o processo inicial do curta. “O filme começou a ser gerado quando comecei a lembrar dessa cidade que eu ia muito quando eu era criança, no interior de Alagoas, que é a cidade dos meus pais. Eu passei boa parte da minha infância lá. Essa é a primeira vez que eu tive a chance de fazer uma ficção com uma equipe, financiada por um edital. A primeira chance que eu tive de fazer isso e eu quis gravar o filme em Anadia. Foi a primeira razão pra eu ter começado o filme”.
Yuri Costa, do filme Egum, falou das várias etapas pela qual o curta-metragem passou. “Ele surge de vários lugares e ele surge o tempo todo, a cada minuto, de cada passo que a gente dava, o Egum era reinventado. Desde a proposta inicial até a finalização do filme, o Egum surge de um lugar dolorido, de uma forma geral, afinal a gente tava falando de um processo de colonização, de um processo de colonização física, material, mas também de colonização psicológica, enfim, algumas coisas que a gente estava tentando mobilizar ali. Mas ele também parte de um lugar de traçar histórias possíveis a partir daí. E tentar sobretudo um filme de disputa entre uma história com H maiúsculo e uma história que está tentando sair, tentando emergir de uma forma geral”.
Lia Letícia, diretora do curta, falou sobre a ideia inicial do projeto. “O Thinya nasceu de uma viagem, a primeira e única que eu fiz para Europa, em uma residência de artes visuais. E Thinya nasce lá por acaso. Eu encontro um material imagético, as fotografias do filme, que eu encontro por acaso em uma feira de rua. Foi realmente um encontro, com várias questões subjetivas rondando essa minha viagem para Berlim e o encontro com esse álbum acabou se tornando o que vem a ser o Thinya. É um filme de processo no sentido de uma vontade de um outro modus operandi desse fazer cinema”.
Representando o filme O Verbo se Fez Carne, Karkará Tunga falou sobre as etapas do filme. “O projeto se inicia com o Ziel [Karapató, diretor] que pensa uma performance, que vai culminar no filme depois. Quando ele está na ocupação da faculdade, em 2016, ele pensa nessa performance e ele vai desenvolvendo essa proposta e, em 2018, ele é contemplado em um prêmio para executar essa performance e quando eu entro na equipe que é formada por três pessoas, três indígenas universitários”.
Beto Amaral, co-diretor de Para Onde Voam as Feiticeiras, falou da potência que são as personagens do filme. ” A gente ficou um ano trabalhando no roteiro juntes. Nós falamos ‘vamos escolher as manas’ que vão trazer fisicalidade para esse filme. Fizemos uma pesquisa e conhecemos Mariana, Ave, Gabriel, Preta e o encontro com todas essas manas foi uma explosão! O roteiro que a gente tinha e pusemos de lado e começamos a repensar tudo de novo”.
O 27º Festival de Cinema de Vitória conta com o Patrocínio do Ministério do Turismo, através da Lei de Incentivo à Cultura, e do Banestes. Conta com o apoio da Unimed Vitória, da Rede Gazeta, do Canal Brasil, da Stella Artois e da Suzano. Conta também com o apoio institucional do Centro Técnico do Audiovisual (CTAv), da Tower Web, da Dot, da Link Digital, da Mistika, da ABD Capixaba, da Carla Buaiz Jóias, do Findes, do Sesi Cultural e da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).