8ª Mostra Corsária aponta para o futuro do cinema no 26º FCV

As 13 obras selecionadas para a mostra deste ano trazem como destaque a ficção científica e narrativas distópicas como provocação do presente

Reconhecida janela de exibição dedicada à experimentação de linguagens e estéticas, a Mostra Corsária chega à sua 8ª edição em 2019. Fazendo parte da programação de 12 mostras do 26º Festival de Cinema de Vitória, a exibição dos filmes selecionados acontece nos dias 25 e 26 de setembro, no Centro Cultural Sesc Glória.

Inspirada no filme “Alma Corsária”, de Carlos Reichenbach, a mostra exibe filmes que busquem evidenciar as influências do diretor na nova geração de cineastas brasileiros. Segundo a comissão de seleção, formada por Flavia Candida, Erly Vieira Jr, Ursula Dart e Waldir Segundo, os filmes selecionados apontam as principais linhas de força das vertentes do audiovisual nacional mais afeitas ao risco e à experimentação.

“Assim como muitos dos cineastas que estiveram presentes nas primeiras edições da Corsária hoje estão na linha de frente do longa-metragem brasileiro mais ousado e inventivo, de forte entrada no circuito internacional, acreditamos que a tradição da mostra é apontar para o futuro do nosso cinema, a partir do afiado gume estético e político de seus filmes”, explica o curador Erly Vieira Jr.

Das 13 obras selecionadas, mais da metade faz uso da ficção científica, através de narrativas distópicas e olhares provocativos para questões atuais. Dentre os outros assuntos do presente – e urgentes – estão filmes que falam sobre poluição, racismo, questões sobre o corpo, opressões e abismos sociais.

Na quarta-feira, 25 de setembro, às 16 horas, serão exibidos os filmes Teoria sobre um Planeta Estranho (Marco Antônio Pereira, FIC, MG), Escafandro (Carolena Moraes, EXP, CE), Unreal (Luiz Will Gama, EXP, ES), Obeso Mórbido (Diego Bauer e Ricardo Manjaro, EXP, AM), Cartuchos de Super Nintendo em Anéis de Saturno (Leon Reis, FIC, CE) e Umas & Outras (Samuel Lobo, FIC, RJ). Dando continuidade à mostra, no dia seguinte (26), também às 16 horas, serão exibidos Seiva (Ramon Batista, FIC, PB),Sem Título #5: A Rotina terá seu Enquanto (Carlos Adriano, EXP, SP),Espavento (Ana Francelino, FIC, CE), Estranho Animal (Arthur B. Senra, EXP, MG/DF), Plano Controle (Juliana Antunes, FIC, MG), A Profundidade da Areia (Hugo Reis, FIC, ES) e Chiclete (Philippe Noguchi, FIC, RJ).

A 8ª Mostra Corsária faz parte da programação do 26º Festival de Cinema de Vitória, que tem o patrocínio do Ministério da Cidadania, através da Lei de Incentivo à Cultura, da ArcelorMittal, do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul – BRDE, do Fundo Setorial do Audiovisual – FSA e da Ancine, conta com o copatrocínio da EDP e do Banestes, com o apoio da Rede Gazeta, da AdoroCinema, da Ceturb ES, da Prefeitura Municipal de Vitória e da Secretaria de Estado de Turismo (Setur-ES). O Festival conta também com o apoio institucional do Centro Técnico do Audiovisual – CTAv, da Mistika, da CiaRio, da Link Digital, do Centro Cultural Sesc Glória, da Jangada VOD, do Canal Brasil e da Carla Buaiz Jóias. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte.

Serviço:
8ª Mostra Corsária
Data: 25 e 26 de Setembro, às 16 horas
Local: Sala Marien Calixte, Centro Cultural Sesc Glória
Entrada franca

Conheça a Seleção de Filmes:

Teoria sobre um Planeta Estranho (Marco Antônio Pereira, FIC, MG)

Uma jovem com deficiência auditiva está apaixonada pelo jovem frentista do posto de gasolina de Cordisburgo. Os familiares da moça não querem que ela se case, mas só ele consegue acessar o mundo ao qual ela pertence.

Escafandro (Carolena Moraes, EXP, CE)

Um apanhador de lixo que se depara com a inutilidade de seu ofício ao sentir que o lixo da cidade só aumenta e ele nada pode fazer. Agoniado por um presságio, ele decide agir.

Unreal (Luiz Will Gama, EXP, ES)

Como seria se existisse um aplicativo capaz de alterar a nossa realidade durante a capturas de fotos e vídeos para as redes sociais ? O que escolheríamos alterar em nossa realidade? A nossa aparência, o local onde tiramos as fotos ou quem sabe o som ambiente? Mas como saberíamos o que é real ou não ? Quais seriam os impactos dessa falsa realidade?

Obeso Mórbido (Diego Bauer e Ricardo Manjaro, EXP, AM)

Diego é um ator que era obeso e emagreceu 43 quilos em 2 anos. Ele precisa lidar com as inseguranças e possibilidades que esse novo corpo representa.

Cartuchos de Super Nintendo em Anéis de Saturno (Leon Reis, FIC, CE)

Diante da dor, solidão e desespero, um homem negro assopra um cartucho de Super Nintendo em uma encruzilhada.

Umas & Outras (Samuel Lobo, FIC, RJ)

Entre uma ideia e outra sempre tem alguma história.

Seiva (Ramon Batista, FIC, PB)

Entre a contemplação e o alerta para trazer luz a seiva essencial da vida, a água. Recurso finito e fundamental.

Sem Título #5: A Rotina terá seu Enquanto (Carlos Adriano, EXP, SP)

Um duplo tributo amoroso: ao último filme do diretor japonês Yasujiro Ozu (1903-1963) – “A Rotina Tem Seu Encanto” (“Sanma no Aji”, 1962) – e a um sol nascente que pintou em meu horizonte (2018). Um cinepoema de reapropriação de arquivo. Um found footage haikai. O filme é composto de materiais reciclados de “Sanma no Aji” e de imagens da filmagem, e também da filmagem original rodada em 2018 durante uma viagem de trem entre Ouro Preto e Mariana e durante um sol nascente em Salvador

Espavento (Ana Francelino, FIC, CE)

Em um futuro qualquer, a cidade de Fortaleza sofre a contaminação de uma patologia causada pela poluição das construções civis. A luta e as ações contra a principal empresa imobiliária são os motivos que levam Enya a resistir. Resistir como quem deseja.

Estranho Animal (Arthur B. Senra, EXP, MG/DF)

Estranho animal a ditadura: homens sem asas, pássaros sem pés.

Plano Controle (Juliana Antunes, FIC, MG)

O ano é 2016. Um golpe político da direita derruba a primeira mulher eleita presidente no Brasil. Nesse contexto político distópico, Marcela usa o serviço de teletransporte de seu celular para deixar o país, mas seu plano é controle.

A Profundidade da Areia (Hugo Reis, FIC, ES)

Num tempo impreciso, uma caminhada contínua e uma ameaça constante. Vestígios na areia revelam memórias que eles parecem desconhecer, mas não totalmente.

Chiclete (Philippe Noguchi, FIC, RJ)

Irene é uma das exiladas de uma fantástica ilha povoada por jovens de curiosos hábitos alimentares, cuja única conexão com o mundo lá fora é um barco de suprimentos. Um evento inesperado coloca Irene no centro de uma estranha catarse coletiva no até então pacato mercadinho da vila.