À frente de vários clássicos do cinema nacional, o artista Neville D’Almeida tem sua trajetória artística de 50 anos retratada no documentário Neville D’Almeida – Cronista da Beleza e do Caos, de Mario Abbade.
O filme será exibido em uma sessão especial do 25º Festival de Cinema de Vitória, na quarta-feira, às 20h30, no Teatro Carlos Gomes. A exibição faz parte da homenagem que o festival rende ao artista na mesma noite, a partir das 19 horas.
Para discutir a importância de Neville no cinema nacional, desde a época do cinema marginal, passando por seus sucessos das décadas de 1970 a 1990, até chegar aos trabalhos recentes, o documentário reúne uma série de imagens de arquivo, entrevistas e um vasto material iconográfico.
Documentário
Neville D’Almeida – Cronista da Beleza e do Caos é o primeiro filme de Mario Abbade, escritor, crítico de cinema e curador de mostras. Ele assina o roteiro e a direção do longa.
Finalizado em 2017, o documentário foi exibido em vários festivais dentro e fora do Brasil, a exemplo do Festival de Roterdã, onde recebeu o prêmio Impact Docs, e do É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários.
Em maio deste ano, o longa também venceu o Festival de Jakarta, na categoria Documentário Internacional. No fim do ano, o filme de Abbade tem outra viagem marcada: o 32º Festival Cineuropa, na Espanha, que acontece em novembro.
Ícone da contracultura
Mineiro, nascido em Belo Horizonte em 1941, Neville começou a se aventurar no cinema ainda na década de 60. Mas foi durante a contracultura setentista, depois de retornar de uma temporada por Nova York e Londres, que o cineasta deslanchou com uma promissora carreira, se tornando um dos maiores expoentes do cinema marginal.
Em 1971, o cineasta lança um de seus filmes mais representativos, “Mangue-Bangue”, que hoje faz parte da coleção permanente da Cinemateca do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MOMA), como “Ícone da Contracultura do Cinema Mundial”.
Autor de mais de 25 roteiros originais, além de adaptações literárias, Neville é o nome à frente de outros grandes clássicos do cinema nacional, como “A Dama do Lotação” (1978), estrelado por Sônia Braga – filme que ocupa o sexto lugar de maior bilheteria do cinema nacional atualmente, levando mais de 6,5 milhões de pessoas às salas de exibição. Foi também o primeiro filme lançado em todos os estados brasileiros.
Dirigiu também as obras “Matou a família e foi ao cinema” (1991), com a atriz Maria Gladys, “Navalha na carne” (1997), “Os sete gatinhos” (1980), Rio Babilônia (1982), entre outras, que lhe renderam prêmios como o Troféu Glauber Rocha, da Associação dos Críticos de Cinema e o de Melhor Diretor no Festival de Gramado. O trabalho mais recente do cineasta nas telonas é o drama “A Frente Fria que a Chuva Traz” (2015).
Cineasta, roteirista, escritor, ator, fotógrafo e artista multimídia, Neville é considerado um artista múltiplo. Em 1973, realizou com o artista Hélio Oiticica a obra “Cosmococas”, uma série de instalações interativas e sensoriais, consideradas as primeiras desse tipo na arte contemporânea brasileira.
Uma realização da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA), o 25º Festival de Cinema de Vitória conta com o patrocínio do Ministério da Cultura, através da Lei de Incentivo à Cultura, da Petrobras, do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), do Banco Regional de Desenvolvimento (BRDE), do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), da Ancine, e do Governo Federal, com Apoio da Rede Gazeta, da Prefeitura Municipal de Vitória, e da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo. O Festival conta também com Apoio Institucional do Centro Técnico do Audiovisual (CTAv), do Canal Brasil, da Arcelor Mittal, da Link Digital, da Mistika, da Cia Rio, da UVV e da Marlim Azul Turismo. O lounge do Festival é co-realizado pela Galpão Produções e pela molaa.
SERVIÇO:
Sessão Especial – Homenagem aos 50 anos da carreira de Neville D’Almeida
Quando: quarta-feira (5 de setembro), às 20h30.
Onde: no Teatro Carlos Gomes, no Centro de Vitória.
Neville D’Almeida – Cronista da Beleza e do Caos (Mario Abbade, DOC, 106’, RJ). Por meio de imagens raras de arquivos, entrevistas e um vasto material iconográfico e de audiovisual, o documentário busca resgatar o papel do cineasta Neville D’Almeida, da era do Cinema Marginal até o presente, passando por seus grandes sucessos de bilheteria (“A Dama do Lotação”; “Os Sete Gatinhos”) e seus problemas com a censura durante o regime militar. Neville também é artista plástico e foi responsável, ao lado de Hélio Oiticica, pela criação da videoinstalação “Cosmococas”.