Referência para o cinema nacional de animação, o diretor Otto Guerra traz seu novo filme A Cidade dos Piratas para o 25º Festival de Cinema de Vitória na sexta-feira (7 de setembro). Com sessão gratuita, o filme chega ao Teatro Carlos Gomes às 20 horas, dentro da programação da 8ª Mostra Competitiva Nacional.

Inspirado na tira de quadrinhos “Os Piratas do Tietê”, da cartunista Laerte, o filme mistura a trajetória da artista para se assumir trans e uma crise pessoal do próprio diretor, curado recentemente de um câncer. Na obra, um cineasta passa a desconfiar dos personagens de seu filme inacabado. Para resolver o imbróglio – e finalizar o longa -, o diretor decide contar sua própria história, perturbando os limites entre ficção e vida real.

Finalizado neste ano, A Cidade dos Piratas foi selecionado para o 46º Festival de Cinema de Gramado, no Rio Grande do Sul (RS). O filme conta com Matheus Nachtergaele, Marco Ricca e a própria cartunista Laerte entre os dubladores.

Segundo Otto Guerra, o longa levou mais de 20 anos para ser realizado, desde a ideia do projeto até sua finalização. Além de percalços na pré-produção, o diretor se viu diante da transformação do trabalho de Laerte, fonte de inspiração do filme.

“A primeira versão finalizada do roteiro ficou pronta em 2001, mas mudou completamente. Houve um momento em que a Laerte nem queria mais fazer o filme. Repetia que, para ela, os piratas eram ‘múmias machistas’”, disse Otto ao jornal “Zero Hora”. Desde então, os quadrinhos da cartunista passaram a refletir outras preocupações, como as questões de gênero, influenciando também o novo roteiro do filme.

Enquanto o longa permanecia em processo, Otto lançou, entre seus longas mais lembrados por crítica e público, “Até Que a Sbórnia Nos Separe” (2013) e “Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock’n’roll” (2006).

Nesta 25ª edição do FCV, Otto Guerra ministra a oficina de Animação, do dia 3 a 6 de setembro. As inscrições estão abertas até esta quinta-feira, 25 de agosto.

Mostra de Longas

Além de A Cidade dos Piratas, outros quatro filmes competem na mostra: “Pastor Cláudio” (RJ), de Beth Formaggini, “A Mata Negra” (ES), de Rodrigo Aragão, “A Chave do Vale Encantado” (RJ), de Oswaldo Montenegro, e “Diante dos Meus Olhos” (ES), de André Félix (Veja a programação da mostra no fim da matéria).

Os filmes concorrem ao Troféu Vitória nas categorias de Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro, Melhor Contribuição Artística e Melhor Interpretação. O resultado da premiação será anunciado na noite de encerramento do festival, no dia 8 de setembro, às 21h30.

Uma realização da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA), o 25º Festival de Cinema de Vitória conta com o patrocínio do Ministério da Cultura, através da Lei de Incentivo à Cultura, da Petrobras, do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), do Banco Regional de Desenvolvimento (BRDE), do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), da Ancine, e do Governo Federal, com Apoio da Rede Gazeta, da Prefeitura Municipal de Vitória, e da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo. O Festival conta também com Apoio Institucional do Centro Técnico do Audiovisual (CTAv), do Canal Brasil, da Arcelor Mittal, da Link Digital, da Mistika, da Cia Rio, da UVV e da Marlim Azul Turismo. O lounge do Festival é co-realizado pela Galpão Produções e pela molaa.

 

25º Festival de Cinema de Vitória

De segunda a sábado (3 a 8 de setembro)

Teatro Carlos Gomes – Centro de Vitória (ES)

Entrada gratuita

 

8ª MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL DE LONGAS-METRAGENS

Segunda-Feira – 3 de setembro | 21h

Pastor Cláudio (DOC, 76’, RJ), de Beth Formaggini. Conversa entre o bispo evangélico Cláudio Guerra, ex-chefe da polícia civil que assassinou e incinerou militantes que se opunham à ditadura, e Eduardo Passos, psicólogo militante dos direitos humanos.

 

Terça-Feira – 4 de setembro | 20h30

A Mata Negra (FIC, 99’, ES), de Rodrigo Aragão. Numa floresta do interior do Brasil, uma garota vê sua vida – e de todos ao seu redor – mudar terrivelmente quando encontra o Livro Perdido de Cipriano, cuja Magia Sombria, além de outorgar poder e riqueza a quem o possui, é capaz de libertar um terrível mal sobre a Terra.

 

Quinta-feira – 6 de setembro | 21h

A Chave do Vale Encantado (FIC, 90’, RJ), de Oswaldo Montenegro. N’O Vale Encantado, os personagens das histórias infantis levam uma vida normal. Cada vez que uma criança do mundo real vai sonhar, eles são convocados para entrar no sonho daquela criança, interpretando as aventuras como a gente conhece. Quando a criança acorda, eles voltam para O Vale Encantado. O único que conhece o nosso mundo é o Papai Noel, quando vem trazer os presentes no Natal. Mas ele proíbe os personagens de virem até aqui, o que gera um grande conflito.

 

Sexta-Feira – 7 de setembro | 20h

A Cidade dos Piratas (ANI, 89’, RS), de Otto Guerra. Um diretor de cinema se vê diante de uma situação complexa na produção de seu longa: o autor da história passa a negar os personagens principais da trama. Em uma tentativa desesperada de terminar o filme, ele decide contar seu drama, criando um labirinto caótico entre a ficção e a vida real.

 

Sábado – 8 de setembro | 19h

Diante dos Meus Olhos (DOC, 81’, ES), de André Félix. 45 anos após a dissolução da banda Os Mamíferos, Marco Antonio, Afonso e Mario Ruy vivem um cotidiano simples. Em meio às luzes da cidade, recordam suas glórias e fracassos e ajudam a recuperar um fragmento fundamental da música popular brasileira.