Seleção do 24º Festival de Cinema de Vitória reúne cinco filmes,
com sessão no dia 11 de setembro, no Teatro Carlos Gomes

 

A Mostra Foco Capixaba chega a sua sexta edição no 24º Festival de Cinema de Vitória, com o intuito de valorizar a produção audiovisual do Espírito Santo. Neste ano, cinco filmes traçam um panorama da safra recente, com sessão às 20h, no dia 11 de setembro (segunda-feira), no Teatro Carlos Gomes. A entrada é gratuita.

 

Três ficções e dois documentários vão disputar o Troféu Vitória. A seleção teve curadoria do crítico de cinema André Dib. “O cinema do Espírito Santo se apresenta como um dos mais diversos e interessantes do país. Neste ano, a Foco Capixaba traz curtas movidos não somente pelo simples desejo, mas pela força criativa de realizadores ao olhar para si, para o outro e para o mundo, e com isso expressar ideias próprias, discursos universais e, ao mesmo tempo, particulares”, comenta o curador.

 

Pesquisador e jornalista formado pela Universidade Federal de Pernambuco, Dib tem textos publicados em diversos jornais, revistas e sites no currículo, além da cobertura de festivais brasileiros e estrangeiros. Realiza curadorias para mostras, consultorias para festivais de cinema e é membro da diretoria da Associação Brasileira dos Críticos de Cinema (Abraccine) e do Congresso Brasileiro de Cinema.

 

Uma realização da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA), o 24º Festival de Cinema de Vitória acontecerá entre os dias 11 e 16 de setembro e conta com o patrocínio do Ministério da Cultura, através da Lei de Incentivo à Cultura, e da Petrobras, com o apoio institucional da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo, da Cesan, da Secretaria de Cultura da Universidade Federal do Espírito Santo, do Banestes e do Canal Brasil, e com o apoio da Rede Gazeta, da Prefeitura de Vitória, ArcelorMittal, da Academia Internacional de Cinema, da CiaRio, da Mistika e da Link Digital.

 

De contravenções e estranhamentos, um cenário promissor

(Texto do curador André Dib)

 

O cinema do Espírito Santo se apresenta como um dos mais diversos e interessantes do país. Este ano o Foco Capixaba traz cinco curtas movidos não somente pelo simples desejo, mas pela força criativa de realizadores ao olhar para si, para o outro e para o mundo, e com isso expressar ideias próprias, discursos universais e ao mesmo tempo particulares, em discursos diretos e não-convencionais.

 

Das contravenções, a mais evidente diz respeito a uma certa imagem em torno da paisagem capixaba. Normalmente vendida como cartão postal é também território do desamparo e da mais fria melancolia (“Abissal”), ou colocada em crise e fragmentada na iconoclastia de um humor ácido e impiedoso sobre o vazio existencial, principalmente nas grandes cidades (“HIC”).

 

A busca por uma visão menos condicionada surge também em “C(ELAS)”, sobre mulheres no universo carcerário. Em uma cidade marcada pela violência, como vivem as mães detidas pela lei? Enquadramentos e angulações atípicos recriam tempo e espaço onde câmera e corpos interagem em permanente negociação, sob o signo de uma detenção involuntária, em contraste com a vida nascente e as possibilidades do novo, que sempre vem.

 

Em especial, dois curtas trazem reflexões específicas sobre criação cinematográfica. Em “Labor”, apuro visual e sonoro evidenciam o antigo desejo humano pela organização do mundo em termos de arte e tecnologia. Música é cinema: neste caso, poética composta por ritmos, harmonia e melodia, som e silêncio como restauradores da intuição e da sensorialidade do aqui-agora.

 

No caminho contrário, “Câmera Calibre” ficção e realidade são igualmente manipulados como reação à miséria cotidiana a qual nos metemos. Baseada no choque comportamental, a estética do estranhamento gera distanciamento cínico o suficiente para seguir atento, ciente do peso e da leveza de assumir ilha, para somente então, lançar pontes.

 

 

24º FESTIVAL DE CINEMA DE VITÓRIA
De 11 a 16 de setembro
Teatro Carlos Gomes
Entrada gratuita

 

6ª MOSTRA FOCO CAPIXABA
11 de setembro, a partir das 20h

 

 

ABISSAL (FIC, 14’), de Paulo Sena. Após o luto, Sofia está represada. Uma nova cor. Tons! Uma nova tela. Cabe um desejo? Em meio ao vazio, a fé precisa estar na arte.

 

CÂMERA CALIBRE (FIC, 15’), de Anderson Bardot. Pedro é um produtor de filmes universitários. Viado, ansioso e metódico, ele só deseja um set de filmagens tranquilo.

 

C(ELAS) (DOC, 18’), de Gabriela Santos Alves. Os meses finais da gravidez e os primeiros após o nascimento de um bebê são experiências únicas na vida de uma mulher. E quando esse cotidiano é vivido dentro de uma penitenciária?

 

HIC (FIC, 14’), de Alexander Buck. Hic é onomatopeia para soluço, e aqui é também um conto de Ori, o Orixá pessoal responsável pela intuição e destino. Nessa incrível jornada um maratonista africano vence a 13ª Maratona Internacional de Vitória quando uma crise de soluço o leva para longe de sua medalha e de seu sonho. O desenrolar dos soluços teleportadores transfigura-se numa alegoria para a condição do negro em nosso mundo. Um curta fantástico sobre empoderamento negro.

 

 

LABOR (DOC, 14’), de Thiago Moulin. À frente de uma fábrica familiar centenária, Fábio trabalha duro enquanto projeta seus sonhos numa espécie de mundo paralelo.