Entre palcos e sets de filmagem, Margareth Galvão completa quatro décadas de trabalhos como atriz, dramaturga e diretora e recebe hoje a homenagem capixaba da 24º edição do Festival de Cinema de Vitória. Com mais de 45 trabalhos, ela ainda se dedicou a missão de transmitir a arte por 16 anos, como professora da Escola de Teatro e Dança Fafi. Ela receberá o Troféu Vitória das mãos do cineasta Anderson Bardot às 19h desta segunda-feira (11), no Teatro Carlos Gomes. 


Natural de São Caetano do Sul, a artista paulista morou em várias cidades até escolher Vitória como sua casa, em 1987, onde desenhou sua história. “Acredito em talento e em vocação. Pra ser atriz aqui no Estado, precisa ter vocação, o que significa ser disciplinada e ter persistência”, comenta a homenageada, que cursou teatro na Fundação das Artes de São Caetano do Sul e Artes Visuais pela Universidade Federal do Espírito Santo.

 

“O rosto da Margareth Galvão é muito representativo para o cinema capixaba. Ela transita facilmente por diferentes gerações de diretores, além de ser uma atriz que admiro muito. Na retomada da produção de longa-metragem do Estado nos últimos cinco anos,  a presença dela nos filmes é muito importante”, comenta a diretora do Festival de Cinema de Vitória, Lucia Caus.

 

Sob a direção de Jonas Bloch, Margareth estreou no teatro com a peça “Inspetor Geral”, de Nicolau Gogol, em 1973. Hoje, ela carrega no currículo cerca de 20 peças, entre dramas, comédias, musicais e infantis. Em 1995, recebeu o Prêmio Sated/1995 de Melhor Atriz pela sua atuação nos espetáculos “Bella Ciao”, obra de Luis Alberto Abreu, com direção de Renato Saudino,  e “Ainda Bem que aqui deu certo”, uma montagem com texto da própria Margareth escrito em parceria com o ator e diretor Erlon José Paschoal, pai de seu filho Daniel e com quem foi casada por 25 anos. Seu último trabalho no teatro foi em 2013 com a montagem “Pessoas e Eu”, em que faz uso de textos próprios e do poeta Fernando Pessoa.

 

Nas telonas, o primeiro trabalho foi no longa-metragem “Lamarca” (1993), do carioca Sérgio Rezende, um dos grandes entusiastas da carreira cinematográfica da atriz, seguido por “O Amor Está no Ar” (1995), de Amylton de Almeida – trabalho que Margareth considera como sua minha primeira experiência no cinema. “O Amylton bateu o pé com o produtor de que ele podia colocar qualquer personagem feito por ator da Globo, mas aquele personagem era meu”, recorda.

Homenageada aposta na vitalidade para se transformar o tempo inteiro | Foto: Tati Hauer/ Galpão IBCA

De lá pra cá, Margareth trabalhou no elenco de mais de 22 filmes, entre curtas e longas. A parceria com diretores capixabas é profícua. Em seu currículo, estão as atuações no curta “Flora” (1995) e no longa “A Morte da Mulata” (2000), ambos de Marcel Cordeiro, e nos curtas  “Mundo Cão” (2001) e “A Fuga” (2005), de Saskia Sá. Sob a direção de Gustavo Moraes, fez parte do elenco de “Baseado em Estórias Reais” (2002) e “Até Quando?” (2006).

 

Com Rodrigo Aragão atuou nos filmes “A Noite do Chupacabras” (2011), “Mar Negro” (2013) e no ainda inédito “Mata Negra” (2017). A aproximação com o cinema de horror lhe rendeu, em 2014, a participação no episódio “Loira do Banheiro”, dirigido por Petter Beistorff e Joel Caetano, no longa “Fábulas Negras”, que reúne importantes realizadores de filmes de terror brasileiros. Por essa atuação, Margareth recebeu o prêmio de Melhor Atriz no MAC Horror Fest na Amazônia 2015.

 

Em 2013, integrou o elenco de “Teobaldo Morto, Romeu Exilado”, longa de Rodrigo de Oliveira exibido no 22º Festival de Cinema de Vitória. Sua últimas participações no cinema foram nos curtas “Mesa no Deserto” (2014), de Diego Scarparo, e “Território do Desprazer”, documentário com cenas ficcionais dirigido por de Maíra Tristão e Mirela Marin e que foi recentemente lançado.

 

Em 2015, Margareth foi condecorada com a Comenda Maurício de Oliveira da Prefeitura Municipal de Vitória e foi a atriz homenageada o Fecin – Festival de Cinema de Muqui em 2016. Agora, está se preparando para um curta que será rodado em setembro e, nas horas vagas, se dedica aos estudos de guarani.

 

Sempre ativa

 

A homenageada, que está prestes a completar 64 anos, no dia 20 de setembro, aposta na vitalidade e disposição para se transformar o tempo inteiro. “Se a vida muda, a nossa cabeça tem que mudar. Eu gosto desse exercício. Por isso me dou muito bem com diferentes gerações. Fiz faculdade com 51 anos e estou sempre ativa. Estou me sentindo muito lisonjeada por ser lembrada por um festival que acompanho há tantos anos. É um dos maiores incentivos para a produção audiovisual”, diz.

 

Uma realização da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA), o 24º Festival de Cinema de Vitória acontece entre os dias 11 e 16 de setembro e conta com o patrocínio do Ministério da Cultura, através da Lei de Incentivo à Cultura, e da Petrobras, com o apoio institucional da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo, da Cesan, da Secretaria de Cultura da Universidade Federal do Espírito Santo, do Banestes e do Canal Brasil, e com o apoio da Rede Gazeta, da Prefeitura de Vitória, ArcelorMittal, da Academia Internacional de Cinema, da CiaRio, da Mistika e da Link Digital.